Essas tantas coisas das quais não se dão os nomes,
que se embolam na garganta e inundam nossa face,
que parecem ondas noturnas batendo nas paredes do estômago,
que afogam o pudor e enaltecem a libido.
Essas tantas coisas de tantas vezes repetindo sem parar enquanto somos vivos.
E quando somos dois mais ninguém existe, só notamos “nós” até ficarmos sós e voltarmos a “seres” quase vivos, quase mortos de vergonha e medo, quase sempre atingidos.
Retraídos,
transbordados de passados.
Quase tudo vira quase nada
e quase sempre eu vivo quase triste.
Quase na metade do caminho,
no prefixo,
no exílio do sentido,
na ausência da palavra,
no consolo da lembrança,
no silêncio da esperança.
Essas tantas tintas que nos turvam a retina,
Que torturam a insônia
E solidificam a poeira ao nosso redor.
Essas tantas coisas que materializam os sentimentos,
e que não sabemos como explicar.
Como abordar de forma branda
tais cascatas tão violentas ?
Uma cachoeira no meu peito.
E eu sem saber que nome dar...