Que venha o tempo, venha por toda via que houver, todavia me deixe apenas um pouco de vida pra que eu lembre de tudo que havia antes de você chegar.
Que venha o tempo com a força de um tufão, um vento forte a balançar as roupas nos varais, a me levar pras fronteiras de Minas Gerais.
Que venha o tempo, mesmo, todo poderoso, sem pedir licença, com toda a pompa que lhe veste e a imponência que lhe cabe.
Eu caibo no espaço vago, neutro e alheio a fatos. Sem opinar, sem imagens e sem fotos, quase monocromático, sentado na varanda a divagar sobre esse tempo turvo da minha vida.
Estou quase cego, quase surdo, já não falo, pouco sinto, quase morto. Eu estou letárgico!
Quando vier o tempo e me levar às vértebras, quando me levar os joelhos e me deixar às dores, eu não vou me entristecer, me deixe ao menos o suficiente pra lembrar.
E que venha o tempo final, eu não o temo, entre por toda a fenda que achar, eu vou sorrir, eu não vou me ofender, que sobre ao menos o tempo de sermos amigos em silêncio mesmo, sem nem precisar falar.
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